A Crítica de Lucas e o Rodízio no Recife
Pyongyang – A capital dos Sonhos
Deve ser
votado hoje o famigerado Projeto de Lei Ordinária 77/2010, do vereador
Gilberto Alves, na câmara do Recife. Já em seu primeiro artigo diz que “a
medida objetiva a melhoria das condições do trânsito, através da
redução do número de veículos em circulação nas vias públicas, de 2ª às
6º feiras, exceto feriados.” Embora
concorde que as condições do trânsito precisam melhorar e isto envolve
reduzir o número de veículos privados nas ruas, não será através do
rodízio de carros que isto irá acontecer. O nobre vereador e todos que
defendem o rodízio ignoram não apenas experiências similares, que além
de não resolverem o problema do trânsito acabaram por piorá-lo, mas
também princípios básicos de como as pessoas se comportam.
Medidas como esta, pressupõem que as
pessoas não irão reagir racionalmente em resposta a esta mudança de
política. Algo que alguns “policymakers”
pressupunham até serem bombardeados com a Crítica de Lucas (Nobel de
Economia, 1995). Deixe-me explicar isto. A primeira pergunta é: a
restrição de veículos, um eufemismo para rodízio de carros, vai surtir
efeito? Minha resposta é: sim e não. Se for implementada segunda-feira
próxima, sim surtirá efeito. Será um caos para as famílias que possuem
apenas um carro,
mas surtirá efeito. O Recife voltará a ser rapidamente uma cidade
transitável, maravilhosa, parecendo até Pyongyang, a capital da Coréia
do Norte. Vejam que maravilha!! É com isto que sonham os defensores da
medida, uma Recigyang!!!
É ai que entra a “crítica de Lucas”. Qual será a reação das famílias? Bem, com o patrocínio do governo federal, reduzindo IPI e facilitando o acesso ao crédito, as famílias irão adquirir um segundo, um terceiro ou um quarto carro com placas distintas para poderem circular nos dias do rodízio. Em outras palavras, mais caos nos espera.
O fato ignorado pelos nossos nobres vereadores é que a política surtirá o efeito contrário do desejado. Ao adquirirem novos veículos, o resultado será que uma medida pensada para ser temporária, precisará ser permanente. Vejam o caso de São Paulo, qual foi o resultado? As famílias compraram mais veículos e, mesmo com rodízio de carros, o trânsito em São Paulo está cada vez mais caótico. São Paulo hoje não pode conviver mais sem o rodízio e o motivo é simples: se todos os carros, inclusive aqueles que foram adquiridos para burlar o rodízio, fossem colocados nas ruas, a cidade pararia por completo. Se isto já não está perto de acontecer.
O interessante na lei recifense é que ela exclui motocicletas e similares, ou seja, as famílias que não puderem comprar um carro, certamente investirão em uma motocicleta ou similares, cinquentinhas e bicicletas inclusas. Aqui estão duas sugestões de como se parecerá o trânsito em Recife nesta situação:
Ou seja, ao invés de Recigyang, é provável que nos tornemos Recigladesh!!
Qual a saída? Melhorar substancialmente o transporte público: mais
rápido, mais confortável (ar-condicionado incluso), maior capilaridade.
Sem isto, medidas como o rodízio de veículos além de não surtirem o
efeito desejado, acabarão por piorar a situação do já caótico trânsito
em nossa cidade.É ai que entra a “crítica de Lucas”. Qual será a reação das famílias? Bem, com o patrocínio do governo federal, reduzindo IPI e facilitando o acesso ao crédito, as famílias irão adquirir um segundo, um terceiro ou um quarto carro com placas distintas para poderem circular nos dias do rodízio. Em outras palavras, mais caos nos espera.
O fato ignorado pelos nossos nobres vereadores é que a política surtirá o efeito contrário do desejado. Ao adquirirem novos veículos, o resultado será que uma medida pensada para ser temporária, precisará ser permanente. Vejam o caso de São Paulo, qual foi o resultado? As famílias compraram mais veículos e, mesmo com rodízio de carros, o trânsito em São Paulo está cada vez mais caótico. São Paulo hoje não pode conviver mais sem o rodízio e o motivo é simples: se todos os carros, inclusive aqueles que foram adquiridos para burlar o rodízio, fossem colocados nas ruas, a cidade pararia por completo. Se isto já não está perto de acontecer.
O interessante na lei recifense é que ela exclui motocicletas e similares, ou seja, as famílias que não puderem comprar um carro, certamente investirão em uma motocicleta ou similares, cinquentinhas e bicicletas inclusas. Aqui estão duas sugestões de como se parecerá o trânsito em Recife nesta situação:
Fonte: Blog Acerto de Contas
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